quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Commuting time, reading time

Um dos meus receios antes de vir embora era de perder o meu conforto de gastar apenas 10 a 15 minutos para ir de casa até o trabalho. Eu sabia que numa metrópole como Vancouver isso dificilmente seria possível. Mas desde os primeiros dias de rotina vi que isso não seria um problema assim tão grave. Eu gasto aproximadamente 45 minutos para ir de casa ao trabalho, tempo que tenho utilizado para pôr a leitura em dia. Nos primeiros dias eu aproveitei bem este tempo para estudar o manual da carteira de motorista. Quando terminei o manual, parti para a biblioteca da lavanderia do prédio. É comum os prédios aqui terem uma mini biblioteca a base do bom senso. Você pega o livro quando quer e devolve quando terminar, não é necessário avisar ninguém. Muita gente que passa pelo prédio acaba doando algum livro para a biblioteca, e assim ela vai aumentando com o tempo. Minhas viagens de SeaBus e SkyTrain ficaram cheias de emoções, assassinatos, sexo e intrigas por conta do Sidney Sheldon (que eu não lia desde meus 17 anos!). As vezes eu pego algum livro que não consigo engatar na leitura, aí eu tenho também a opção de ler o Metro News ou o 24 Hours, que são jornais gratuitos distribuidos diáriamente no transporte público. Há até uma "disputa" entre os entregadores, um fica entrando na frente do outro para ver quem distribui mais jornais. Eu pego do cara mais simpático. Eu sempre pegava o Metro por causa do chinezinho simpático que entregava, mas aí ele virou a casaca e foi para o 24 e eu passei a ler o 24. De "brinde" ainda ganho um sorriso, um "good morning, have a nice day", e nas sextas o bônus do "have a nice weekend"!
Também no meu commuting time eu estudei minha apostila toda do curso online que eu acabei de terminar.
Essa semana estou com dificuldade de engatar em um bom livro, já peguei 3 que não deram certo e eu desisti. Eu costumo ter uma regrinha pessoal de leitura - não gosto de passar muito tempo lendo o mesmo livro, mesmo porque comigo isso só acontece se não estou gostando da história. Então se a leitura não desenvolve até a página 80 (não sei porque 80, mas foi um número que estabeleci) eu troco de livro. Amanhã eu vou trocar de novo, tomara que tenha mais sorte, porque se não daqui a pouco só vai sobrar a prateleira de livros em mandarim!

domingo, 7 de agosto de 2011

Bipolar?

Alguns dias atrás eu estava achando que havia me tornado bipolar. A variação de humor estava tão grande e tão intensa, que em questão de horas meu humor ia de uma euforia extrema para uma tristeza profunda. De uma satisfação plena para o desespero. De músculos faciais doloridos de tanto dar risada para um chorar de soluçar. Mas passou. Não sei se foi uma mistura de muitas mudanças com variações de hormônios, o meu aniversário longe da família, enfim, os piores momentos da "bipolaridade" passaram. Talvez se eu tivesse escrito este post na semana passada, ele tivesse saído 50% super deprimido e 50% super eufórico, pois era como eu estava me sentindo. Mas acho que já voltei ao normal, e no final, tudo faz parte do processo.

Bom, vamos às atualizações:

- Carteira de motorista: Não foi nenhum bicho de sete cabeças. Eu estava apreensiva, visto que o Luiz já havia reprovado duas vezes. Aproveitei um dia que tive de folga e marquei uma aula dupla, eu dirigi uma hora e o Luiz ficou no banco de trás, e depois nós trocamos. Depois treinamos bastante tudo o que o instrutor nos disse. Passei de primeira. Tudo na vida exige preparação, basta ter paciência e se preparar. O Luiz passou também, uma (ou melhor, duas) preocupações a menos!

- Meu novo trabalho: Estou gostando, de verdade! Muito mais dinâmico e desafiante que o anterior. Entrei numa semana super busy, e fiquei dando suporte para os colegas. Na semana seguinte assumi minhas próprias tarefas. Os primeiros dias foram frustrantes, pois achei que não conseguiria atingir minhas metas. Foi bem no meio do meu maremoto emocional, mas depois tudo se acertou.

No mais, tudo tranquilo. Temos aproveitado demais o verão, todos os dias depois do trabalho saímos e fazemos alguma coisa diferente. Fazemos hiking em diversas trilhas, conhecemos lugares novos, pedalamos. Curtimos muito. Nos finais de semana ficamos na rua o tempo todo. Continuamos dormindo pouco, mas sabemos que precisamos aproveitar o verão que é curtíssimo e que no inverno teremos mais tempo para descansar e ficar em casa, visto que chove demais e escurece super cedo.
Apesar de nossos salários estarem ainda bem baixos, aqui dá pra curtir com menos grana. É claro que tem hora que enche o saco ficar no supermercado escolhendo tudo o que é mais barato e tirar do carrinho coisas que a gente queria comprar mas que "é melhor não". Ou ir no restaurante e tomar só água, porque é grátis. Fora quando aparecem umas despesas imprevistas, que aí que a gente tem que segurar mesmo. Mas espero que seja só neste recomeço, e que daqui pra frente as coisas melhorem. Eu sempre falo que é melhor ser "pobre" no Canadá do que "rica" no Brasil, levando aquela mesma vidinha provinciana de São José... Aqui têm várias coisas que o dinheiro não compra. Além disso, eu me sinto muito mais adaptada ao estilo de vida daqui do que à vida que eu levava anteriormente.
Outro dia eu estava de saco cheio no trabalho, nada estava dando certo. Aí eu saí para almoçar no sol, levei minha marmitinha para comer nas escadarias da Art Gallery e fazer algo que eu adoro: people-watching. No caminho eu vejo um monte de caras carregando instrumentos musicais e uma parafernália toda para entrar num ônibus. Na hora que eu olhei direito, era o Soundgarden! Aqui o rock dos anos 90 não morreu, várias bandas dessa década ainda fazem sucesso por aqui ou simplesmente se juntam para fazer um show e ganhar $$. É claro que eu dei uma de tiete, mandei um "You guys rock!!" e voltei para o trabalho feliz da vida. Contei a novidade para os colegas canadenses que também são fãs e eles vibraram. A partir daí minha sorte do dia mudou, e o dia terminou bem! Essas pequenas coisas fazem meu dia muito feliz!
Semana passada tivemos em Seattle, cidade que eu sempre quis conhecer, principalmente por ter sido berço das minhas bandas de rock favoritas. Amei a cidade, um super astral legal, passamos um dia maravilhoso lá que nem as 3 horas e meia de espera na fila da fronteira (ida e volta) atrapalharam.
No verão de 2000 (11 anos atrás) eu estava aqui estudando inglês. Aprendi a andar de roller no Stanley Park, e nesse dia me lembro de ter pensado "ainda vou morar nessa cidade". Essa semana eu comprei um roller e ontem fui andar lá. E pensei: "Dreams DO come true!"