sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Você é Hands On?

Essa semana uma amiga postou um texto no Facebook e após ler, eu comentei que havia me identificado com a moça do texto. Ela respondeu dizendo justamente que havia pensado em mim quando leu e postou! 
Se você passou por uma Job Search recentemente provavelmente vai se identificar também. Boa leitura!



Você é Hands On?


Veja o texto abaixo do Max Gehringer – Colunista da Revista EXAME – e inspire-se


Vi um anúncio de emprego. A vaga era de Gestor de Atendimento Interno, nome que agora se dá à Seção de Serviços Gerais. E a empresa exigia que os interessados possuíssem – sem contar a formação superior – liderança, criatividade, energia, ambição, conhecimentos de informática, fluência em inglês e não bastasse tudo isso, ainda fossem HANDS ON. Para o felizardo que conseguisse convencer o entrevistador de que possuía essa variada gama de habilidades, o salário era um assombro: 800 reais. Ou seja, um pitico.

Não que esse fosse algum exemplo fora da realidade. Ao contrário, é quase o paradigma dos anúncios de emprego. A abundância de candidatos permite que as empresas levantem cada vez mais a altura da barra que o postulante terá de saltar para ser admitido.

E muitos, de fato, saltam. E se empolgam. E aívêm as agruras da super-qualificação, que é uma espécie do lado avesso do efeito pitico…

Vamos supor que, após uma duríssima competição com outros candidatos tão bem preparados quanto ela, a Fabiana conseguisse ser admitida como gestora de atendimento interno… E um de seus primeiros clientes fosse o seu Borges, Gerente da Contabilidade.

Seu Borges: — Fabiana, eu quero três cópias deste relatório.
Fabiana: — In a hurry!
Seu Borges: — Saúde.
Fabiana: — Não, Seu Borges, isso quer dizer "bem rapidinho". É que eu tenho fluência em inglês. Aliás, desculpe perguntar, mas por que a empresa exige fluência em inglês se aqui só se fala português?
Seu Borges: — E eu sei lá? Dá para você tirar logo as cópias?
Fabiana: — O senhor não prefere que eu digitalize o relatório? Porque eu tenho profundos conhecimentos de informática.
Seu Borges: — Não, não.. Cópias normais mesmo.
Fabiana: — Certo. Mas eu não poderia deixar de mencionar minha criatividade. Eu já comecei a desenvolver um projeto pessoal visando eliminar 30% das cópias que tiramos.
Seu Borges: — Fabiana, desse jeito não vai dar!
Fabiana: — E eu não sei? Preciso urgentemente de uma auxiliar.
Seu Borges: — Como assim?
Fabiana: — É que eu sou líder, e não tenho ninguém para liderar. E considero isso um desperdício do meu potencial energético.
Seu Borges: — Olha, neste momento, eu só preciso das três cópias.
Fabiana: — Com certeza. Mas antes vamos discutir meu futuro…
Seu Borges: — Futuro? Que futuro?
Fabiana: — É que eu sou ambiciosa. Já faz dois dias que eu estou aqui e ainda não aconteceu nada.
Seu Borges: — Fabiana, eu estou aqui há 18 anos e também não me aconteceu nada!
Fabiana: — Sei. Mas o senhor é hands on?
Seu Borges: — Hã?
Fabiana: — Hands on….Mão na massa.
Seu Borges: — Claro que sou!
Fabiana: — Então o senhor mesmo tira as cópias. E agora com licença que eu vou sair por aí explorando minhas potencialidades. Foi o que me prometeram quando eu fui contratada.

Então, o mercado de trabalho está ficando dividido em duas facções:
1 – Uma, cada vez maior, é a dos que não conseguem boas vagas porque não têm as qualificações requeridas.
2 – E o outro grupo, pequeno, mas crescente, é o dos que são admitidos porque possuem todas as competências exigidas nos anúncios, mas não poderão usar nem metade delas, porque, no fundo, a função não precisava delas.
Alguém ponderará – com justa razão – que a empresa está de olho no longo
prazo: sendo portador de tantos talentos, o funcionário poderá ir sendo preparado para assumir responsabilidades cada vez maiores.
Em uma empresa em que trabalhei, nós caímos nessa armadilha. Admitimos um montão de gente superqualificada. E as conversas ficaram de tão alto nível que um visitante desavisado confundiria nossa salinha do café com a Fundação Alfred Nobel.
Pessoas superqualificadas não resolvem simples problemas! Um dia um grupo de marketing e finanças foi visitar uma de nossas fábricas e no meio da estrada, a van da empresa pifou. Como isso foi antes do advento do milagre do celular, o jeito era confiar no especialista, o Cleto, motorista da van. E aí todos descobriram que o Cleto falava inglês, tinha informática e energia e criatividade e estava fazendo pós-graduação… só que não sabia nem abrir o capô.
Duas horas depois, quando o pessoal ainda estava tentando destrinchar o manual do proprietário, passou um sujeito de bicicleta. Para horror de todos, ele falava "nóis vai" e coisas do gênero. Mas, em 2 minutos, para espanto geral, botou a van para funcionar. Deram-lhe uns trocados, e ele foi embora feliz da vida.

- Aquele ciclista anônimo era o protótipo do funcionário para quem as Empresas modernas torcem o nariz: O QUE É CAPAZ DE RESOLVER, MAS NÃO DE IMPRESSIONAR.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Doors will soon open for you

A vida de quem está à procura de emprego não é fácil. Os dias são recheados de esperança, incertezas, e muitas decepções. A alegria de uma entrevista rapidamente passa para a frustração a cada email que contém a frase "we regret to inform you". É preciso criar uma rotina para não desanimar. Além da job search diária, cursos, estágios não remunerados, drop-ins, information meetings, é fundamental fazer também o que se gosta para não perder a motivação.

O Luiz sempre gostou de mountain bike e aqui em North Van ele se encontrou. Ele sai pedalando de casa e chega a dezenas de trilhas de all mountain e downhill. Isso foi uma das coisas que o ajudou a desestressar após cada "não".  Há alguns meses, após uma semana super desanimadora com poucas vagas para se inscrever, sem nenhum retorno às centenas de currículos que ele havia enviado, ele resolveu sair para pedalar apesar dos 4 graus que estava fazendo e da neve que ainda não havia derretida no topo da montanha. No meio da trilha ele viu uma tampinha de refrigerante no chão. Nós temos o costume de recolher o lixo da natureza, e ele mesmo em alta velocidade, parou a bike, voltou, e pegou a tampinha. Ele olhou para a parte interna e havia a seguinte frase escrita: Doors will soon open for you. Segundo ele, ele começou a rir sozinho e voltou a pedalar. Chegando em casa ele me mostrou a tampinha e a guardou na gaveta do criado.

Depois disso ainda foram alguns meses de empreitada. Mais três ou quatro entrevistas sem sucesso, até que poucos dias antes do Natal veio nosso maior presente: ele foi contratado!!!

Foram mais de sete meses. Centenas de currículos, dezenas de drop-ins, entrevistas, survival job, estágio não remunerado, noites sem dormir, vontade de desistir, mas enfim, as portas se abriram!

E assim começou nosso 2012, com muitas alegrias, visitas em casa, e eu, pela primeira vez em quase 8 meses, consegui finalmente dormir uma noite inteirinha, fechando meus olhos ao deitar e só abrindo de manhã.
I'm so greatful! Happy 2012!!!!!!!!